Via Cebraspo
PERSONALIDADES DEMOCRÁTICAS ASSINAM MANIFESTO EM DEFESA DOS PRESOS E PERSEGUIDOS POLÍTICOS NO RIO DE JANEIRO
MANIFESTONos próximos dias, o processo contra os 23 ativistas políticos do Rio de Janeiro entra na sua fase final na 1ª Instância, que resultará nas sentenças a serem proferidas pelo Juiz da 27ª Vara Criminal, Flávio Itabaiana.
Vale lembrar que o inquérito policial que deu origem à identificação e prisão dos 23 réus foi feito para averiguar filiações partidárias, com evidente cunho de perseguição política. A predileção dos órgãos de persecução criminal pelos grupos de “esquerda” fica ainda mais clara, quando a denúncia tenta qualificar os coletivos e organizações como sendo parte de uma suposta “quadrilha” que abrange um vasto horizonte que vai de ativistas sem definição política até “comunistas” a “anarquistas”. Não há qualquer descrição no inquérito de que os membros das organizações criminalizadas atuassem de forma estável ou permanente. Não existe estabilidade na pulverização, assim como não existem vínculos de permanência entre pessoas “que podem sequer se conhecer”.
Por significativa coincidência, todos os “alvos” desta investigação, os réus inclusive, integram um campo político de esquerda – abrangendo o numeroso grupo de pessoas que utilizou os protestos iniciados em junho de 2013 para questionar o status quo, seja relacionando as mazelas sociais brasileiras às opções político-econômicas do governo ou apenas criticando as bases do sistema capitalista.
Frise-se, aliás, que a questão da violência nas manifestações é clarissimamente uma resposta à extremada violência com que foram reprimidas pela Polícia Militar. A brutal repressão aos professores durante os protestos iniciados em junho de 2013 é uma amostra bastante significativa da forma como age aquela corporação e que, infelizmente, se repete até o momento com a mesma violência de norte a sul do país.
Os grupos existiam, “originariamente”, como organizações políticas legítimas e autônomas, tendo se tornado “quadrilha” no exato instante em que a criminalização se tornou a única estratégia de contenção das manifestações. A lógica da acusação não tem lastro em fatos concretos, mas na necessidade política e eleitoral de impedir a expansão dos atos de protesto.
Ocorre que protestar não só não é um crime, como é um direito fundamental. Além disso, não se pode prender alguém por algo que ainda será cometido, ainda mais sem individualizar as condutas e sem a devida fundamentação, visto que o inquérito de 6 mil páginas baseia-se em falsos testemunhos, escutas ilegais, posts de redes sociais e matérias tendenciosas da mídia corporativa, principalmente como Globo e Veja que, notoriamente, criminalizam os movimentos sociais. Analisando o processo, é inegável que a falta de provas concretas seja o aspecto mais grave e assustador, evidenciando o caráter político de toda esta perseguição.
Nota-se, também, uma enorme arbitrariedade no andamento do inquérito e do processo criminal, que tramitou em segredo de justiça, inclusive para os advogados dos acusados e para o próprio desembargador relator que, na época, avaliou e concedeu o pedido de Habeas Corpus dos 23 acusados.
Porém, no dia 3 de dezembro de 2014, o Juiz da primeira instância, suspendeu o Habeas Corpus, e novamente decretou a prisão de 3 ativistas, Igor Mendes (preso em Bangu), Elisa Quadros e Karlayne de Moraes (em situação de clandestinidade), decretando suas prisões preventivas, simplesmente por terem participado de uma única atividade cultural no dia 15 de outubro de 2014.
O Recurso de HC impetrado obteve parecer favorável da Subprocuradora-Geral da República, Dra. Aurea Lustosa Pierre, que considera decreto de prisão desproporcional, “estando fundamentado em idealizações de caráter autoritário e violando a prerrogativa jurídica da liberdade, prevista no artigo 5º da Constituição da República”.
Estamos na cidade dos mega-eventos e, passada a Copa do Mundo, sediaremos os Jogos Olímpicos de 2016, que serão “protegidos” por uma verdadeira operação de guerra e repressão do Estado. Portanto, faz-se necessário que toda a sociedade civil: advogados, defensores, artistas, intelectuais, educadores, estudantes, trabalhadores em geral, realizem uma grande campanha pela imediata libertação de todos os presos políticos e pelo fim de todos os processos que estão em curso na justiça contra manifestantes e ativistas.
Vamos todos unir esforços e iniciativas para garantir a diversidade de pensamento e a defesa da liberdade de expressão e livre manifestação!
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ASSINAM ESTE MANIFESTO:
ANTÔNIO MODESTO DA SILVEIRA – Advogado, destacado defensor dos presos políticos durante o regime militar.
MARCELO CERQUEIRA – Advogado, jornalista, defensor de presos políticos, professor titular aposentado da UERJ e da UFF, Doutor pela Faculdade Nacional de Direito da UFRJ.
JORGE LUIZ SOUTO MAIOR – Juiz membro da AJD (Associação de Juízes pela Democracia) e professor da Faculdade de Direito da USP.
MIGUEL LANZELOTTI BALDEZ – Assessor jurídico de movimentos populares no Rio de Janeiro.
JOÃO LUIZ DUBOC PINAUD – Jurista, Juiz, ex-presidente do IAB (Instituto dos Advogados Brasileiros), presidente da Casa da América Latina, membro da AAJ (Associação Americana de Juristas) e professor titular aposentado da Faculdade de Direito da UFF.
FÁBIO KONDER COMPARATO – Doutor pela Universidade de Paris, professor titular da Faculdade de Direito da USP e doutor “honoris causa” da Faculdade de Direito de Coimbra.
MARCELO CHALREO – Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) dos do Rio de Janeiro.
JOÃO TANCREDO – Advogado, presidente e fundador do Instituto de Defensores de Direitos Humanos (DDH). Ex presid. da CDH OAB RJ.
VICTÓRIA GRABOIS – Presidente do Grupo Tortura Nunca Mais – RJ, irmã, filha e viúva de mortos e desaparecidos políticos da Guerrilha do Araguaia.
CECÍLIA COIMBRA – Psicóloga, historiadora, ex-presa política, fundadora do Grupo Tortura Nunca Mais/RJ, e professora adjunta aposentada da UFF.
JOÃO RICARDO W. DORNELES – Professor do Núcleo de Direitos Humanos da PUC-RJ e membro da Comissão Estadual da Memória e da Verdade.
FERNANDO FRAGOSO – Advogado e ex-presidente do IAB- Instituto dos Advogados Brasileiros- RJ.
TAIGUARA L. SOARES E SOUZA – Advogado, professor do IBMEC, membro do Mecanismo Est. de Prevenção e Combate à Tortura do RJ.
MARGARIDA PRADO DE MENDONÇA – Advogada, membro da Comissão de Direitos Humanos (OAB/RJ), Conselho Estadual de Defesa da Criança e Adolescente (CEDCA-RJ) e professora doutora da Universidade Cândido Mendes (UCAM).
HUMBERTO JANSEN – Advogado trabalhista e defensor de presos políticos durante o regime militar.
ENNIO CANDOTTI – Físico, professor da Universidade Federal do Espírito Santo e ex presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Atual diretor do Museu da Amazônia.
EDUARDO VIVEIROS DE CASTRO – Professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutor em Antropologia Social.
ADRIANO PILATTI – Coordenador do Instituto de Direito da PUC-Rio e sócio-fundador da Associação Brasileira dos Constitucionalistas Democratas (ABCD).
PAULA MÁIRAN – Presidente do Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro.
ANDRÉ BARROS – Advogado e secretário-geral da CDH (OAB-RJ).
LUIZ RODOLFO V. DE CASTRO – Membro da CDH (OAB-RJ) e ativista político.
JÚLIO MOREIRA – Advogado, professor da PUC-Goiânia, da Universidade Latino Americana, membro da Abrapo e presidente da Associação Internacional dos Advogados do Povo (IAPL, sigla em inglês).
FELIPE NICOLAU – Advogado e presidente da Associação Brasileira dos Advogados do Povo (Abrapo).
CRISTIANE VILANOVA – Advogada e membro da CDH-OAB
PRISCILA PEDROSA PRISCO – Advogada, membro da CDH-OAB e mestranda da UFF.
HÉSIO DE ALBUQUERQUE CORDEIRO – Ex-reitor da UERJ, ex-presidente do INAMPS/MPAS, doutor em Medicina pela USP, coordenador do Mestrado Profissional da Universidade Estácio de Sá e coordenador de saúde da Fundação Cesgranrio.
PAULO ROBERTO CHAVES PAVÃO – Professor adjunto da UFRJ, chefe da psiquiatria e coordenador da UDA de psiquiatria do HUPE – UERJ.
MARIA INÊS SOUZA BRAVO – Professora da UERJ e coordenadora do Grupo de Estudos Gestão Democrática na Saúde e Serviço Social.
HERMANO DE CASTRO – Professor e diretor da ENSP – Fiocruz.
MARIA DE FATIMA SILIANSKY DE ANDREAZZI – Médica e professora da UFRJ.Ex diretora da ADUFRJ.
KATIA DA MATTA PINHEIRO – Historiadora, professora universitária e membro da diretoria da Casa da América Latina.
LUCIANO DA SILVA ALONSO – Professor da Universidade Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e membro do Núcleo de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão em Medicina Veterinária.
JOANA D’ARC FERNANDES FERRAZ – Professora do programa de pós-graduação em Administração da UFF e coordenadora do Curso de Especialização em Administração Pública (CEAP).
ALEXANDRE PINTO MENDES – Professor do Departamento de Ciências Jurídicas da UFRRJ.
CAMILA DANIEL – Professora UFRRJ e Membro do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Migratórios (NIEM).
GRACIELA BONASSA GARCIA – Professora no Departamento de História e Economia da UFRRJ
JOÃO TELHADO PEREIRA – Professor do Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinárias da UFRRJ
WANISE CABRAL DA SILVA – Professora da UFF e Doutora em Direito.
LÉRIDA POVOLERI – Economista e professora da Faculdade de Economia da UFF.
MARIA HELENA RODRIGUES NAVAS ZAMORA – Professora do programa de graduação e pós-graduação de psicologia da PUC-RJ.
GUSTAVO SEFERIAN SCHEFFER MACHADO – Advogado de São Paulo.
TARSO DE MELO – Advogado e mestre em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela Universidade de São Paulo (USP).
LUIS CARLOS MORO – Advogado trabalhista de São Paulo.
JOSÉ RICARDO PRIETO – Diretor geral do jornal A Nova Democracia.
FAUSTO ARRUDA – Professor e presidente do conselho editorial do jornal A Nova Democracia.
DANIEL MAZOLA – Editor do Tribuna da Imprensa Online, secretário da Comissão de Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos (LIDH) e conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
MAURÍCIO CAMPOS DOS SANTOS – Engenheiro e fundador da Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência – RJ.
ELIETE FERRER – Professora e militante de direitos humanos, RJ.
DEIZE CARVALHO – Membro das Mães Vítimas de Violência.
MÔNICA LIMA – Professora da rede estadual e pesquisadora do HUPE-UERJ.
ANDRÉ MENDES – Advogado e professor da Faculdade Nacional de Direito (UFRJ).
ARÃO DA PROVIDÊNCIA GUAJAJARA – Indígena e advogado em defesa da causa dos povos originários.
CARLOS WALTER PORTO GONÇALVES – Professor do programa de pós-graduação em geografia da UFF.
JOSÉ ANTONIO MARTINS SIMÕES – Professor do Instituto de Física da UFRJ e ex-presidente da ADUFRJ.
LUIS MAURO SAMPAIO MAGALHÃES – Professor do programa de pós-graduação em Ciências Ambientais e Florestais da UFRRJ e vice-diretor do Instituto de Florestas.
MÔNICA SIMONE PEREIRA OLIVAR – Pesquisadora da ENSP/Fiocruz e membro do Conselho Regional de Serviço Social.
JOSÉ AUGUSTO PINA – Pesquisador da ENSP/Fiocruz.
REGINA HELENA SIMÕES BARBOSA – Professora e pesquisadora do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Departamento de Medicina Preventiva e Faculdade de Medicina da UFRJ.
MARÍSIA MARGARIDA SANTIAGO BUITONI – Professora do Departamento de Geografia Humana da UERJ.
LIA DE MATTOS ROCHA – Professora do Departamento de Sociologia da UERJ e membro da direção da ASDUERJ.
GUILHERME LUCIO ABELHA MOTA – Professor do Departamento de Informática e Ciência da Computação da UERJ, ex-presidente da ASDUERJ e atual 1º secretário do Andes-SN, regional Rio de Janeiro.
EDUARDO SEVERIANO PONCE MARANHÃO – Pesquisador da Fiocruz e professor da ENSP.
JANETE LUIZA LEITE – Professora da Faculdade de Serviço Social da UFRJ.
GEANDRO PINHEIRO – Pesquisador da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio/Fiocruz.
ANDRÉ VIANNA DANTAS – Professor da Escola de Saúde Joaquim Venâncio/Fiocruz.
ROBERTO FLORES – conselheiro em dependência química e um dos idealizadores do Narcóticos Anônimos no Brasil
CÁTIA CORRÊA GUIMARÃES – Jornalista da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio/Fiocruz.
ELÍDIO MARQUES – Professor de Direitos Humanos e Relações Internacionais do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas da UFRJ.
JOSÉ SALES PIMENTA – Presidente do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (Cebraspo).
ZÉ MARIA GALHASSI DE OLIVEIRA – Ex-preso político do regime militar e vice-presidente do Cebraspo.
HÉLIO DA SILVA – Ex-preso político do regime militar e membro do Cebraspo.
GERSON LIMA – Dirigente da Liga Operária.
DANIEL BIRAL – Advogado – Coletivo Advogados Ativistas (SP).
LARISSA AZEVEDO – Advogada e ativista do Coletivo Tempo de Resistência (RJ).
BRENA ALMEIDA – Advogada e ativista da Associação Brasileira de Advogados do Povo – Abrapo (RJ).
TABATAH ALVES FLORES – Advogada e ativista da Associação Brasileira de Advogados do Povo – Abrapo (RJ).
VIVIANE N. GONÇALVES – Advogada e ativista da Associação Brasileira de Advogados do Povo – Abrapo (RJ).
CRISTINA COUTO GUERRA – Advogada, coordenadora da comissão de direitos humanos e cidadania da OAB subseção Juiz de Fora.
JOSÉ NOVAES – fundador do Grupo Tortura Nunca Mais RJ, conselheiro presidente do conselho regional de psicologia do Rio de Janeiro, ex-preso político, professor adjunto aposentado da UFF.
LUIZ CARLOS DE ALMEIDA GARROCHO – Doutor em artes, professor no Curso Técnico de Ator do Centro de Formação Artística da Fundação Clóvis Salgado (BH/MG)
ADRIANA DOS SANTOS FERNANDES – antropóloga, pesquisadora do grupo Disturbio/UERJ e do Observatório Fluminense/UFRRJ